quarta-feira, 16 de janeiro de 2008



O natal e a arte de criar

A prefeitura municipal de Fonte Boa realizou no período natalino várias atividades na praça Nossa Senhora de Guadalupe: montou presépio, apresentou teatro, realizou concurso de dança, entregou presente à comunidade e etc. Mas foram as obras criadas por particulares que chamou a atenção, encantou o público e acabou roubando a cena. A primeira foi o presépio e a árvore de natal da rua Belarmino Lins, feita por comunitários e que esbanjou beleza, criatividade e acabou virando parada obrigatória para os cristãos. Não menos criativa foi a dramatização criada pelo professor Sebastião Ferreira Lima, na Boulevard Álvaro Maia, pena que vista por poucas pessoas. Aproveitando o tema “Amazônia e Fraternidade” da Campanha da Fraternidade de 2007, o professor Sebastião contextualizou, na realidade amazônica, o nascimento do menino Jesus. De canoa, Maria e José surgiram como dois caboclos calejados pelas dificuldades do cotidiano dos ribeirinhos amazônicos. Numa casa de farinha, Maria dar a luz e num paneiro deita o menino Jesus. A dramatização foi uma aula de originalidade, criatividade e valorização regional.
Em Fonte Boa, durante o período natalino, o que faltou nos homens públicos sobrou nos particulares, criatividade e iniciativa. Surpresa seria se fosse o contrário.

ERRO NO SENSO DO IBGE OU AS PREFEITURAS AUMENTAVAM SUAS POPUÇAÇÕES?

Vários municípios do interior do amazonas a partir do ano que vem sofrerão uma redução considerada no repasse do Fundo de Participação (FPM), devido à queda no número de habitantes que foi registrada pelo senso realizado este ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os números do censo de 2007 divulgados pelo IBGE estão provocando uma verdadeira rebelião de prefeitos por todo o Amazonas. Eles exigem a recontagem da população de seus municípios, pois, 13 dos 62 municípios amazonenses apresentaram redução de habitantes em relação às projeções efetuadas pelo próprio IBGE. O índice populacional tem impacto direto no cálculo do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), principal receita de grande parte das prefeituras, e também influi nos cálculos para o repasse de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), dentre outros.

O CASO MAIS GRAVE NO AMAZONAS

O caso mais grave na diferença entre a população projetada e a aferida pelo IBGE neste ano é o de Fonte Boa, no Rio Solimões, a 680 Km de Manaus. Segundo dados do próprio instituto, a cidade “perdeu” aproximadamente 45% dos moradores. É que pela projeção do Instituto, Fonte Boa teria em 2006 - 39.000 habitantes, mas, ao invés de crescer o número populacional caiu para 19.726 na contagem deste ano. Praticamente cerca de 19.000 habitantes do município desapareceram.
Sem indústria, o município sobrevive basicamente do FPM, cujos cálculos têm por base a população. Para o Prefeito, Sebastião Ferreira Lisboa. “Se o IBGE não consertar o erro, teremos um corte de recursos de quase 50%”, e a Prefeitura terá que fechar as portas”. O prefeito disse ainda que “Se não houver uma recontagem, vamos entrar com um mandado de segurança na Justiça para garantir os repasses do FPM”. A projeção da prefeitura era de que Fonte Boa somasse, agora, uma população em torno de 36 mil pessoas.
Tefé, por exemplo, esperava uma estimativa populacional de 80.000, ficou em pouco mais de 60.000. Ou o IBGE está errando ou as administrações anteriores engordaram as suas estatísticas de olho no Fundo de Participação dos municípios.